BRIZOLA ETERNO HÁ 20 ANOS
Em um dia como hoje, 21 de junho de 2004, falecia Leonel Brizola, aos 82 anos
Há exatos 20 anos, o Brasil perdia um dos maiores defensores do trabalhismo e da educação pública do país
Exilado por 15 anos no Uruguai durante o período da ditadura, Brizola voltou ao Brasil em 1979 - Foto Reprodução
No dia 21 de junho de 2004, o Brasil se despedia de Leonel Brizola, um líder que dedicou sua vida à luta por justiça social, democracia e educação pública. Seu legado continua a inspirar gerações e a mobilizar aqueles que buscam um Brasil mais justo e igualitário.
Leonel Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922, em Cruzinha, no Rio Grande do Sul. Desde jovem, envolveu-se na luta por um país mais equitativo. Sua carreira política foi marcada por momentos significativos na história do Brasil, desde sua participação na Revolução de 1930 até seu exílio durante a ditadura militar e seu retorno à vida pública após a Lei da Anistia.
Aos 23 anos, foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado pelo presidente Getúlio Vargas. Em 19 de janeiro de 1947, foi eleito deputado estadual constituinte. Durante seu mandato na Assembleia Legislativa gaúcha, apoiou a instituição do regime parlamentarista no Estado, decisão posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
Em 1945, ingressou na Universidade do Rio Grande do Sul, onde se formou em Engenharia Civil em 1949. Casou-se com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart, em 1º de março de 1950, com Getúlio Vargas como padrinho de casamento. Na eleição de 3 de outubro de 1950, Brizola foi reeleito deputado estadual, tornando-se líder do PTB na Assembleia gaúcha.
Brizola candidatou-se a prefeito de Porto Alegre em 1951, sendo derrotado por uma pequena margem de votos. No ano seguinte, assumiu a Secretaria de Obras do Estado do Rio Grande do Sul, convidado pelo governador Ernesto Dornelles. Em 1954, foi eleito deputado federal, mas deixou a Câmara dos Deputados ao ser eleito prefeito de Porto Alegre em 1955. Durante sua gestão, priorizou a construção de escolas primárias e a melhoria dos transportes coletivos.
Nas eleições de 1958, foi eleito governador do Rio Grande do Sul com mais de 55% dos votos. Em seu governo, ocorreu a estatização da Companhia Telefônica Rio Grandense, uma subsidiária da empresa norte-americana ITT. Brizola também deu grande ênfase à educação, construindo milhares de escolas primárias, técnicas e ginásios.
Em 1960, apoiou a candidatura de Henrique Teixeira Lott à presidência e de João Goulart à vice-presidência. Jânio Quadros venceu a eleição, com Goulart como vice-presidente.
Em 25 de agosto de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros e o veto militar à posse de Goulart, Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, defendeu a legalidade constitucional através da "Cadeia da Legalidade", uma rede de rádios. Com o apoio do III Exército, a população gaúcha se preparou para defender a democracia. As negociações resultaram na adoção do regime parlamentarista, permitindo a posse de Goulart.
Em 1963, o presidencialismo foi restaurado após um plebiscito. No entanto, o descontentamento das classes conservadoras e militares levou ao golpe militar de 1964. Brizola, eleito deputado federal pelo recém-criado Estado da Guanabara, teve seu mandato cassado e direitos políticos suspensos.
Conhecido por suas ideias inovadoras e compromisso com a transformação social, Brizola foi um líder visionário. Implementou políticas públicas pioneiras como governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, destacando-se os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), que ofereciam ensino gratuito e integral.
Brizola foi um defensor incansável da democracia, direitos humanos e justiça social. Lutou contra a repressão durante a ditadura militar e, após seu retorno ao Brasil, tornou-se um líder na redemocratização do país.
Vinte anos após sua partida, o legado de Leonel Brizola permanece vivo. Seus ideais trabalhismo, justiça social, democracia e participação popular continuam a inspirar aqueles que lutam por um Brasil mais justo.
FRONTEIRA LIVRE